Após um ano marcado por recordes alarmantes, a dengue continua sendo uma preocupação sanitária global. Em 2024, o Brasil registrou mais de 6,5 milhões de casos e mais de 5.700 mortes relacionadas à doença, segundo o Ministério da Saúde. O aumento expressivo de casos em regiões do sul e áreas de maior altitude, onde surtos eram raros, evidenciou a expansão da dengue para novos territórios. Para 2025, pesquisadores indicam que a situação epidemiológica pode continuar desafiadora, mas também destacam avanços na previsão e controle da doença.
Encontro de Especialistas: Cenário Atual e Perspectivas
No dia 31 de outubro de 2024, especialistas da Fiocruz, da Universidade del Valle da Colômbia, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Ministério da Saúde se reuniram em um webinário para discutir a próxima temporada de dengue. O evento, organizado pela Fiocruz e pelo consórcio The Global Health Network América Latina e Caribe, contou com mais de 600 participantes de 65 países.
Rachel Lowe, pesquisadora do Barcelona Supercomputing Center e mediadora do evento, destacou que modelos estatísticos para 2025 sugerem cenários variados, com ênfase em regiões como o sul do Brasil, que podem enfrentar surtos ainda mais intensos. Segundo Claudia Codeço, coordenadora do Infodengue, o clima instável e a alta incidência de casos mesmo no inverno apontam para desafios adicionais no controle da doença.
Modelagem Preditiva e Inovações
A força-tarefa liderada por Flávio Coelho, do Mosqlimate, reuniu especialistas nacionais e internacionais para calibrar modelos preditivos utilizando dados climáticos e entomológicos. Esses modelos indicam que, embora um surto tão grave quanto o de 2024 seja improvável, a vigilância deve ser intensificada, principalmente em áreas anteriormente não afetadas.
Mauricio Vegas, da Universidade del Valle da Colômbia, ressaltou o impacto das mudanças climáticas na transmissão de arboviroses, enquanto Marcela Lopes Santos, do Ministério da Saúde, enfatizou a importância de tecnologias como o nowcasting para aprimorar o monitoramento.
Desafios e Soluções Locais
Os participantes do webinário discutiram medidas para mitigar os impactos da dengue, incluindo a necessidade de integração de dados entomológicos e epidemiológicos em sistemas de monitoramento. A incorporação de dados sobre populações de mosquitos em modelos preditivos pode melhorar a precisão das previsões e auxiliar no direcionamento de recursos.
A subnotificação de outras arboviroses, como os vírus Mayaro e Oropouche, também foi abordada. Especialistas alertaram para a necessidade de ampliação dos testes laboratoriais para diferenciar infecções e fortalecer a vigilância.
Preparando-se para 2025
Apesar das incertezas, a colaboração entre instituições de pesquisa e órgãos governamentais tem avançado na direção de um monitoramento mais eficaz. Iniciativas como o Infodengue e o Mosqlimate demonstram que o uso de tecnologia e dados pode revolucionar a resposta à dengue no Brasil e no mundo.
Para a população, os especialistas reforçam a importância de medidas preventivas, como a eliminação de criadouros de mosquitos e o uso de proteção individual, enquanto os órgãos de saúde buscam maneiras de minimizar os impactos de uma das maiores ameaças à saúde pública no país.
Com informações de FioCruz
Foto: Agência Brasil
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