Uma das companhias de teatro mais importantes do Brasil, o Grupo Galpão, que celebra seus 40 anos, ganha as ruas, espaços culturais e praças de cidades mineiras com “De Tempo Somos – um sarau do Grupo Galpão”, espetáculo que estreou em 2014 e é apresentado como um sarau de músicas e poesias, com direção das atrizes Lydia Del Picchia e Simone Ordones.
O projeto reúne 25 canções do repertório do Grupo, além de apresentar textos sobre a passagem do tempo e o processo de criação artística. No dia 7 de setembro, Unaí recebe a companhia teatral, às 19h30, na Praça JK. No dia 9 de setembro, no Largo da Jaqueira, às 19h30, é a vez de Paracatu. No dia 10 de setembro, os artistas encantam o público de João Pinheiro, às 19h30, na Praça Luzia Mendes Romero (Praça Redonda).
No dia 20 de setembro, o Grupo Galpão chega a Corinto, na Praça da Bandeira, às 20h. No dia 21 de setembro, Curvelo recebe o espetáculo, na Praça da Estação, às 19h30. Dia 23 de setembro será a vez de Cordisburgo, em frente ao Museu Casa de Guimarães, às 19h. A turnê Sertão de Minas se encerra na cidade de Sete Lagoas, no dia 24 de setembro, às 19h, na Praça da Feirinha. Todas as apresentações são gratuitas.
A turnê do Grupo Galpão em Minas Gerais conta com o patrocínio da Cemig por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultural e apoio cultural das prefeituras municipais de Unaí, Paracatu, João Pinheiro, Corinto, Curvelo, Cordisburgo e Sete Lagoas.
Com direção musical e arranjos de Luiz Rocha, os atores cantam e executam, ao vivo, 25 canções de trabalhos mais antigos como “Corra enquanto é tempo” (1988) e “Álbum de Família” (1990); passando também por “Romeu e Julieta” (1992), “Um Moliére Imaginário” (1997) e “Partido” (1999), chegando até a espetáculos mais recentes como “Tio Vânia” e “Eclipse” (ambos de 2011), além de músicas que surgiram em workshops internos e que chegam a público pela primeira vez.
“De Tempo Somos – Um Sarau do Grupo Galpão” celebra vida no teatro
Embora pareça em alguns momentos uma banda o Galpão é eminentemente um grupo de teatro, provavelmente o mais bem sucedido do país, referência interna e no exterior. A capacidade de se embrenhar nas raízes – ao partir em turnê, por exemplo, pela região do Vale do Jequitinhonha – e, ao mesmo tempo, aguçar o olhar para o estrangeiro configura uma das riquezas presentes entre os valores da companhia, que aparece com vigor nesta montagem.
“De Tempo Somos – Um Sarau do Grupo Galpão”, nada mais é do que uma celebração da trupe à vida no teatro. Pois o teatro é a vida do Galpão. Com uma dramaturgia simples, atores e atrizes, que se revezam como instrumentistas e intérpretes musicais em cena, transmitem com calor as emoções que se estabelecem, criando um vínculo sincero com a plateia e, novamente, afirmando um de seus valores mais caros.
Tudo por que, fora a intimidade com os versos e as canções selecionadas, a elaboração é teatral, e ao optar por esse prisma, justamente a essência do grupo, a afetividade que marca as escolhas ressoa de maneira ainda mais pertinente em cena. Principalmente por que o clima de diversão no palco estende-se a todo mundo. Temos aqui um interessante recurso dramatúrgico, em que cada personagem é construída em cima da personalidade do intérprete, e não o contrário.
A dramaturgia, embora simples, dá conta de seu intento pela acuidade da direção, cirúrgica, que garante aos mínimos movimentos uma coesão prenhe de significados. Capricho que também aparece na iluminação, outro trunfo fundamental da montagem, que é acompanhada com igual correção por figurino e cenário. Já a música é mais do que um elemento cênico, pois está ali, literalmente, para contar a história do Galpão.
Com a liberdade que sempre acompanhou os seus passos o grupo se deleita ao percorrer os caminhos da comédia, do romance, da saudade, do manifesto e de todas as causas e sensações que condoem o peito daqueles que escolheram se expressar através da arte.
No momento em que comemora 40 anos de estrada nosso mais famoso grupo de teatro de rua – que também soube migrar e se adaptar a outros tipos de palco sem abrir mão de suas características principais – pretende continuar festejando, ao reencenar várias peças de seu repertório. Pois a despeito de tudo o sarau do Galpão celebra o hoje, fruto do passado, gérmen para o amanhã. É um incentivo e uma inspiração para a vida de todos. Que venham os próximos capítulos, tristes ou felizes, para eles haverá o teatro.
Por Itatiaia
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