Esta é uma das dúvidas mais frequentes neste momento de pandemia. Atuais ou futuras mamães têm procurado os serviços de saúde com esse questionamento. Afinal de contas, mulheres suspeitas ou positivas para a COVID 19 podem ou não amamentar seus filhos? A resposta é sim, uma vez que essa mãe tenha o desejo de amamentar, possui boa condição clínica e siga as orientações preconizadas pelo ministério da saúde.
Existem estudos que comprovam os inúmeros benefícios do aleitamento materno ao binômio mãe-bebê. Durante a pandemia não é diferente, as vantagens em amamentar perpassam o risco de transmissão da Covid-19 para o lactente, afirma a Sociedade Brasileira de Pediatria.
O UpToDate cita raros casos de positividade no leite mas sem avaliação se as partículas virais encontradas eram viáveis, portanto não existe confirmação de transmissão através do processo de aleitar.
Um artigo publicado na revista de Residência Pediátrica avaliou a segurança da lactação do uso das medicações para o tratamento da Covid-19. A droga cloroquina possui baixo potencial na passagem no leite e estudos recentes não demonstram os efeitos adversos da substância.
A azitromicina pode levar a alguns efeitos gastrointestinais como diarreia e candidíase, mas é considerada segura durante amamentação. A ivermectina não possui muitos estudos sobre seu uso durante amamentação, mas também é pouco excretada no leite sendo considerada provavelmente segura por nutrizes. O antiviral favipiravir não tem informação suficiente para avaliar sua segurança, mas sabe-se que pode levar a aumento de enzimas hepáticas e de ácido úrico, então quando utilizado devemos dosar esses exames nos lactentes. O oseltamivir, utilizado para tratamento de Influenza A e B, é considerado seguro e seu uso é aprovado pelo CDC. Lopinavir não apresentou nos estudos efeitos adversos nas crianças após uso materno, assim como o remdesevir, mas para esta última os estudos são escassos. A ribavirina, que é utilizada por lactentes infectados por vírus sincicial respiratório possui seu uso compatível com a amamentação desde que utilizada por curto período.
Não se tem muitos dados publicados em relação ao uso da dexametasona na amamentação, sabe-se que pode levar a redução da prolactina e consequentemente diminuição da síntese de leite, mas seu uso por curto período não demonstra nos lactentes efeitos adversos. E a metilprednisolona, já bem estudada, possui baixa concentração no leite materno e sem evidência de riscos às crianças. Idealmente, se possível aguardar 2-4 horas após tomada da medicação antes de amamentar. Por fim, o tocolizumabe (anticorpo monoclonal) e os interferon-alfa e beta (citocinas antivirais e com ação imunomoduladora) são considerados seguros.
Para um aleitamento materno seguro é importante seguir algumas orientações:
- Uso de máscara cobrindo nariz e boca, trocar se tosse, espirro ou a cada mamada;
- Higienizar mãos e mamas com água e sabonete. Limpar superfícies compartilhadas;
- No quarto, manter distância de pelo menos 1 metro entre cama da mãe e berço do bebê;
- Caso binômio separado e optado por fornecer o leite materno, a mãe deve retirá-lo com bomba higienizada, utilizando máscara e o leite deve ser fornecido à criança por pessoa saudável — a qual deve também seguir precauções, pois além da mãe a criança pode estar infectada;
- Esses cuidados devem ser mantidos por até 10 dias do início dos sintomas maternos (ou 20 dias a depender da severidade da doença - alguns serviços consideram 20 dias sempre).
É no aleitamento materno que encontramos nutrientes indispensáveis para a manutenção da vida, além de fortalecer o vínculo entre a mãe e filho. Em épocas de pandemia, amamentar continua sendo uma das formas de amor.
Por Rossana Maria Silva Viana
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