O Butantan paralisou, nesta sexta-feira (14), a produção da vacina contra Covid-19 Coronavac, devido à falta de insumos (Ingrediente Farmacêutico Ativo- IFA) - o mesmo deve ocorrer com a Fiocruz na semana que vem, responsável pela Astrazeneca (leia mais abaixo). Antes, ainda pela manhã, o Butantan liberou um lote de 1,1 milhão de doses ao Ministério da Saúde, referente ao 2º contrato com o órgão, que prevê 54 milhões de vacinas até setembro. A expectativa é que essa remessa de hoje seja usada para finalizar a imunização com a segunda dose em idosos que estão com a vacinação atrasada, inclusive em Minas Gerais.
Segundo o Butantan informou ao longo da semana, a produção em junho da Coronavac está sob risco devido à ausência da matéria-prima. A China estaria mantendo separadas e prontas para embarque uma remessa de 10 mil litros de IFA (suficiente para 18 milhões de doses), fabricado pela empresa Sinovac, mas ainda sem prazo para entregá-las. Havia a expectativa que ao menos fossem liberados entre 3.000 e 4.000 litros até quinta-feira (13) para que chegassem ao Brasil até 18 de maio, mas a data não foi confirmada pela Sinovac. As vacinas entregues em maio pelo Butantan foram produzidas a partir de 3.000 litros de insumos recebidos no país no dia 19 de abril.
"O Butantan espera que o Brasil volte a receber da China, o mais rápido possível, os insumos necessários para produção da Coronavac, a vacina contra Covid-19 que mais salva vidas no país. O IFA é fundamental neste momento para vencermos a pandemia", informou o Instituto, em seu Twitter oficial.
Segundo o governador de São Paulo, João Doria, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, disse, na quarta-feira, que ia voltar a pedir ao governo chinês a liberação dos insumos - Doria culpa a falta de diplomacia do governo federal pelo atraso. "Faço um apelo ao Itamaraty para que resolva as questões diplomáticas com a China, viabilizando assim a liberação de insumos para seguirmos produzindo a vacina que mais está salvando vidas no Brasil", publicou nesta sexta-feira (14) em seu perfil no Twitter. No entanto, o Ministério das Relações Exteriores já afirmou que as autoridades chinesas têm dito que eventuais atrasos nas entregas não são intencionais e decorrem da alta demanda dos insumos chineses pelo mundo todo.
Atualmente, cerca de 70% das vacinas aplicadas contra covid-19 no Brasil são produzidas pelo Instituto Butantan com o IFA chinês.
Astrazeneca
Já o IFA para a produção da vacina Oxford/AstraZeneca pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), também é produzido pela China, mas há opção de fabricação na Índia. A fundação informou, no entanto, que só tem matéria-prima para produzir até semana que vem. Posteriormente, também deve paralisar sua fábrica por alguns dias. “A quantidade de IFA já disponível na Fiocruz sustentará a produção até meados da próxima semana, garantindo as entregas até a primeira semana de junho. Com as novas remessas, as entregas das três primeiras semanas de junho também estarão asseguradas”, disse a Fiocruz.
As novas remessas de Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), no caso, estão previstas para chegarem à Fiocruz no mês de maio. O primeiro lote deve chegar ao Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) dia 22 e o outro é aguardado para o dia 29. “Até a chegada do IFA no dia 22, haverá uma interrupção na produção de alguns dias na próxima semana. Caso haja algum impacto nas entregas, ele será avaliado e comunicado mais à frente. O cronograma de entregas permanece semanal, sempre às sextas-feiras, conforme pactuado com o Ministério da Saúde, seguindo a logística de distribuição definida pela pasta”, informou a fundação.
Para esta sexta-feira (14), está prevista a entrega de mais 4,1 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca, produzida pela Fiocruz no Brasil, ao Ministério da Saúde.
Por O Tempo
Foto de Agência Brasil
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