Prática que vem sendo resgatada por novas gerações, a arte do bordado
há anos é reverenciada e bastante exercida no interior de Minas Gerais.
A diversidade e riqueza dessa técnica artesanal, alinhavada nos
diversos territórios de Minas Gerais, é o tema da mostra Bordado
Reinventado, que irá exibir cerca de 100 bordados feitos com as mais
variadas técnicas.
O acervo será exposto a partir do dia 16 de março, no Centro de Arte Popular – Cemig, equipamento cultural que integra o Circuito Liberdade. A exposição marca as comemorações do Governo de Minas Gerais
pelo Dia do Artesão (19/3) e celebra o aniversário de cinco anos do
museu. Palestras sobre o tema também integram a programação. A mostra
fica em cartaz até 28 de abril. A entrada é gratuita.
Exposição
Promovida pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Integrado e Fóruns Regionais (Seedif), em conjunto com a Secretaria de Estado de Cultura (SEC),
a mostra apresenta a arte dos bordados, onde cortes de tecidos, linhas e
agulhas se entrelaçam através de técnicas variadas como o ponto cruz,
sombra, richelieu, crochê, matiz, ponto paris, ponto cheio, crivo e
tantos outros.
A exposição é constituída de 100 bordados feitos com técnicas que vão
do crivo ao richelieu, reunindo arte e tradição do período colonial.
Nomes bastante tradicionais do bordado mostram seus trabalhos e estarão
no dia da inauguração, entre elas a família Dumont (Pirapora), Dona
Terezinha Gazzinelli (Teófilo Otoni), Maria de Lourdes Rosa (distrito de
Glaura, em Ouro Preto), Dona Adelícia Amorim (Almenara), família Lanna
(Barra Longa).
O Noroeste de Minas está representado pela Central Veredas, que
agrega municípios como Bonfinópolis, Riachinho, Serra das Araras
(distrito de Chapada Gaúcha) e Sagarana (distrito de Arinos).
O resgate feito pelas gerações atuais, que continuam transformando
fios em arte, também estará representado. Complementam a mostra
trabalhos de mulheres oriundas de comunidades e núcleos artísticos, como
o Centro de Art-Bordados de Esmeraldas, Associação Artesãs de
Turmalina, Bordados da Barra no Município de Serro, Estrelas do Sertão
de Cordisburgo, Associação Barralonguense de Bordadeiras e Artesãos de
Lagoa Dourada, além do projeto Vila Mariquinhas em Belo Horizonte.
Entre as raridades apresentadas, destaque para peças íntimas da
década de 1950 bordadas à mão, pertencentes à família Bias Fortes.
Bordados baseados na obra de Guimarães Rosa, feitos pelas bordadeiras
Estrelas do Sertão, da cidade de Cordisburgo, também servem de chamariz.
Para o secretário de cultura Angelo Oswaldo, nada mais genuíno no
artesanato mineiro que o bordado. “É uma prática que vem dos hábitos
cotidianos da mulher e do homem, já que muitos deles também se destacam
como bordadores. Esta exposição sublinha o requinte do trabalho manual
nas diversas regiões de Minas Gerais e é uma síntese do que há de melhor
no próprio bordado do Brasil”, destacou.
O secretário da Seedif, Wadson Ribeiro, afirma que, além de uma justa
homenagem aos profissionais do setor, as atividades da Semana do
Artesão valorizam a cultura mineira. “Existe uma grande importância da
atividade artesanal na história de Minas. Hoje, notadamente, o setor se
caracteriza por um forte veio das economias regionais e uma das mais
belas representações de nossa cultura”, afirmou.
Expectativa
As artesãs já comemoram a iniciativa de expor os trabalhos no museu.
Para Iris Ferreira Lana, 58, que integra a Associação Barralonguense de
Bordadeiras e Artesãos, em Barra Longa, no Território Caparaó, a
expectativa é de recomeço profissional e aumento nas vendas, já que o
local onde ela morava foi destruído após a tragédia ambiental que
atingiu a região. “Para mim, especialmente, é um momento importante de
retomada do bordado e de captar novos clientes. Estou retomando o
bordado que a lama levou”, desabafa.
Em Almenara, no Território Médio e Baixo Jequitinhonha, a funcionária
pública, Maria Julia Rocha Porto, 58, se dedica a ajudar a mãe e
artesã, Adelícia Amorim Rocha, 81, com os preparativos para a
participação na exposição. “Minha mãe está sentindo valorizada e
reconhecida. Ela, que já ensinou várias pessoas, está ansiosa para
mostrar o bordado da nossa região”, orgulha-se.
As bordadeiras desses municípios retratam em seus trabalhos aspectos
de uma realidade que se transforma permanentemente, documentando,
através do imaginário de suas obras, as paisagens físicas e culturais,
os tipos humanos e costumes sociais. Também narram, através de seus
pontos minuciosamente desenhados, a maneira de viver de suas
comunidades.
Palestras
Além da exposição, palestras também integram a programação. A
história do bordado no Brasil será ministrada pela escritora Sávia
Dumont. O artesanato e as tendências de mercado serão abordados pela
analista do Sebrae Minas, Sabrina Campos Albuquerque.
A prática de comercialização no artesanato é o tema da palestra de
Tania Machado, presidente do Instituto Centro de Capacitação e Apoio ao
Empreendedor – Centro Cape. As vagas são limitadas. Interessados nas
palestras devem se cadastrar no link goo.gl/jYGdgW.
Outras atividades
A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Integrado e Fóruns
Regionais (Seedif) vai promover no dia (19/3), no Museu Abílio Barreto,
um mutirão de cadastramento para obtenção da Carteira Nacional do
Artesão e do Trabalhador Manual. Para participar, o artesão precisa
preencher pré-cadastro, pela internet, no link https://goo.gl/forms/axcvtniNLiO0wKLn1. As vagas são limitadas.
Obras de arte popular também constam na mostra Mini Mundo, do artista
Willi de Carvalho. A exposição fica em cartaz até 30 de março, entre 9h
e 18h, na Galeria do SEBRAE Minas, situada à Avenida Barão Homem de
Melo, n° 329, Nova Granada, Belo Horizonte, Minas Gerais.
Dia Artesão
O Dia Artesão é uma iniciativa do Governo de Minas Gerais, por meio
da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), Secretaria Extraordinária de
Estado de Desenvolvimento Integrado e Fóruns Regionais (Seedif) – em
parceria ainda com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae-MG) e Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste
de Minas Gerais (Idene).
Centro de Arte Popular – Cemig
Trata-se de um espaço privilegiado de divulgação da riqueza e
diversidade da cultura popular mineira, com um acervo que conduz o
visitante ao mundo do imaginário de diferentes artistas. Por meio das
obras, o público é conectado às origens, histórias e crenças de um povo
que traz nas mãos um sincretismo cultural próprio, o brasileiro.
Por Agência Minas
As Riquezas de minas
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