João Guimarães e seus verdes verdejantes, inspirou a Companhia Teatral Voz da Terra, da cidade mineira de São Thomé das Letras a fazer uma adaptação coesa e brilhante intitulada: “O Sertão de Guimarães” estreado em 2023 adaptação e direção de Iara Fortuna, direção de elenco Marlene Fortuna, coordenação geral Ana Aurelia Di Bella Napolitano e Produção de Luiz Gilmar de Castro Furtado. Espetáculo, que o sucesso estrondoso, o fez ser convidado para apresentações e seminários culturais em outros territórios mineiros, além da cidade em que foi inaugurado: São Lourenço e Pouso Alto no ano de 2024.
Pela trajetória cultural em São Thomé das Letras, Luiz Gilmar foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo para a Residência Artística em Artes e Técnicas no Museu Casa Guimarães Rosa, localizado em Cordisburgo/MG. Ampliando sua bolsa, embarcou em uma jornada literária e cultural pelos caminhos do autor. Seguiu para Buritizeiro, a 700 km de sua cidade natal, onde participou da Cavalgada Cultural Grande Sertão Veredas, evento que existe há mais de 20 anos e é organizado por Rômulo de Melo e Suzana Pereira. Durante três dias e ao longo de 95 km, percorreu fazendas, cerrado, matas e rios até Paredão de Minas, cenário da batalha final entre Hermógenes e Diadorim, descrita por Rosa. “Foi emocionante e desafiador cavalgar por lugares que Guimarães passou há 70 anos, perceber o quanto o cenário mudou e, ao mesmo tempo, continua imortalizado em suas palavras. João Guimarães Rosa tinha uma caderneta para anotar o que sentia; eu tinha uma câmera, um celular e um fotógrafo (Alexis Exequiel Schiaroli) para registrar tudo”, relembra Luiz Gilmar.
Após a Cavalgada Grande Sertão Veredas, Luiz seguiu para a Chapada Gaúcha Mineira, onde encontrou o guia cultural Elson Barbosa dos Santos. Sob sua orientação, percorreu mais de 50 km pelo Parque Nacional Grande Sertão Veredas, explorando o sertão, rios, veredas e buritis, enquanto conhecia a rica fauna e flora desse bioma imortalizado por Guimarães Rosa, que dá nome ao parque em sua homenagem. Situado na divisa entre Minas Gerais, Goiás e Bahia, o local proporcionou uma imersão profunda na paisagem sertaneja. Durante sua estadia, Luiz foi convidado pelo secretário de cultura do município para promover um seminário sobre sua trajetória pelas palavras de Guimarães Rosa no norte de Minas. A experiência foi compartilhada com professores e alunos por meio de uma exposição de fotos e vídeos registrados por Alexis, reforçando a grandiosidade da literatura desse gênio mineiro. O evento foi um grande sucesso, despertando reflexões e inspirações nos participantes.
Luiz e Alexis seguiram da Chapada Gaúcha para São Francisco, onde se hospedaram na comunidade Quilombola Buriti do Meio. Durante a estadia, conheceram a tradição ancestral da cerâmica, praticada há mais de 300 anos por mãos habilidosas que preservam a história local. Hospedados na casa do Senhor Welder e da professora Flavia, foram calorosamente recebidos e apresentados à comunidade. Participaram da celebração do aniversário da Matriarca Maria das Neves, marcada por folia de reis, cirandas, música e comida típica. Além disso, promoveram um seminário sobre Guimarães Rosa e um bate-papo sobre bullying e conflitos escolares na Escola Estadual Quilombola-Da Fazenda Passagem Funda. A experiência foi profundamente enriquecedora, proporcionando aprendizado e troca cultural imensa.
A chegada a Cordisburgo, terra natal de João Guimarães Rosa, marcou o início de uma residência artística no Museu Casa Guimarães Rosa. Recebidos calorosamente pelo coordenador Ronaldo Alves, os visitantes conheceram a casa-museu, bem preservada desde 1908, e mergulharam na literatura do autor por meio dos miguilins, jovens narradores locais. A experiência incluiu um encontro com Brasinha e sua “Casa da Recordança”, repleta de memórias valiosas, além da oportunidade de conhecer Dôra e Gabriel Eugênio, primos de Guimarães Rosa, que desempenham um papel fundamental na preservação de seu legado. Dôra, organizadora do Grupo Miguilim, compartilha histórias e curiosidades sobre o escritor, aproximando novas gerações de sua obra. Gabriel Eugênio, músico e escritor, atualizou a árvore genealógica da família, reforçando o vínculo entre passado e presente. Ambos contribuem para manter viva a essência das palavras de Guimarães Rosa. Também tiveram a honra de conhecer o grupo da melhor idade Estrelas do Sertão, formado por 30 bordadeiras que bordam frases de Guimarães Rosa, mantendo viva sua obra através da arte. Além disso, promoveram um seminário sobre a vida e obra de Guimarães Rosa e um bate-papo sobre bullying e conflitos na adolescência para mais de 200 jovens na Escola Estadual Claudio Pinheiro de Lima.
A jornada literária e cultural de Luiz Gilmar de Castro Furtado, inspirada pelas palavras e passos de Guimarães Rosa, percorreu mais de 3.000 km e, revelando a grandiosidade do sertão e reforçando a profundidade da obra do autor. Desde a adaptação teatral "O Sertão de Guimarães" até cavalgadas por cenários imortalizados, encontros com comunidades quilombolas e bordadeiras que preservam sua literatura, cada experiência fortaleceu a conexão entre arte, memória e tradição.
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