Depois de sete anos de espera, a abertura da Rio 2016 começou
emocionante. Do hino nacional cantado por Paulinho da Viola à cena em
que índios trançavam uma teia deixada por aranhas gigantes, a festa
começou grandiosa e de extremo bom gosto.
Sem clichês, mas com
fortes elementos representando nossa cultura – como a chegada dos
colonizadores em suas caravelas, seguidos pelos escravos negros.
O Maracanã foi palco de um espetáculo sem igual, com uso de
tecnologia. Com luzes de LED, palcos móveis e muito vídeo, o show foi
pensado para ficar bem na TV, impressionando o público pelo resto do
mundo.
No grande palco do gramado, a história do Brasil foi
contada com os índios, os portugueses, os negros escravos, os imigrantes
e a mestiçagem cultural do país. Nossa música foi representada por
funk, samba e todas as bossas. Zeca Pagodinho fez um jogral com Marcelo
D2: “Deixa a vida cantando, deixa a vida me levar”. Gisele Bündchen
desfilou ao som de Daniel Jobim, neto de Tom Jobim. Jorge Ben Jor
levantou o público com “País tropical”. O público cantou sozinho, à
capela, como fez com o Hino Nacional na Copa do Mundo.
Uma réplica do 14 Bis decolou do meio do Maracanã e fez uma viagem pela
cidade. As imagens foram transmitidas pelo telão. Uma oportunidade para
mostrar o cenário dos Jogos nas próximas semanas.
Surpreendendo a todos, o espetáculo abriu um espaço emocionante para
uma mensagem ecológica. Cenas e gráficos mostraram o avanço do
aquecimento global e as consequências do fenômeno pelo mundo, a
importância da natureza e sua conexão conosco. Os organizadores
traduziram suas preocupações ecológicas. Fez todo sentido transmitir uma
mensagem de responsabilidade global num evento de dimensões mundiais
como a abertura da Olimpíada. No final, a poesia A flor e a náusea, de Carlos Drummond de Andrade, foi recitada pela atriz Fernanda Montenegro em português e pela britânica Judi Dench.
As
delegações entraram vibrando sendo puxadas por carrinhos de jardim.
Parte do público vaiou ligeiramente a delegação argentina. Afinal, é o
Maracanã.
A tolerância à diferença foi a tônica do discurso de
Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional. Ele lembrou
que no esporte todos são iguais. Conclamou os atletas a serem
embaixadores dos valores olímpicos. Enfatizou o esforço de superação do
Rio de Janeiro para se renovar e receber a festa olímpica, apesar dos
imensos desafios. E entregou um prêmio especial ao ex-atleta queniano
Kipchoge Keino, ou Kip Keino, bicampeão olímpico em corridas que criou
iniciativas em educação e cidadania no país. A partir deste ano, o novo
prêmio, a Láurea Olímpica, será entregue a pessoas que se destacaram no
espírito olímpico.
Numa fala breve, sem discurso, o presidente interino, Michel Temer, abriu oficialmente os Jogos. Recebeu vaias e aplausos.
As
baterias de 12 escolas de samba entraram e deram um show. A parte
central do palco no gramado virou uma passarela, uma avenida, uma
Marquês de Sapucaí, um Sambódromo. Anitta, Caetano Veloso e Gilberto Gil
cantaram “Isto aqui o que é”, de Ary Barroso. Em mais um momento
emocionante, Gustavo Kuerten entrou no estádio carregando a tocha,
passou para Hortênsia e Vanderlei Cordeiro de Lima acendeu a pira. Uma
pira pequena, para não queimar muito combustível e agravar o aquecimento
global. Mas engrandecida por um móbile espelhado.
Todo mundo
imaginava que a abertura da Olimpíada tivesse espontaneidade e
criatividade. Mas a intensidade das mensagens de tolerância à
diversidade e de respeito ao ambiente em meio às crises do mundo
surpreenderam e emocionaram. É possível imaginar que o Rio redefiniu o
papel da cerimônia de abertura dos Jogos.
Fonte: Época
Imagem: Abril
Além de ser
considerada, por muitos nas redes sociais, uma das melhores aberturas da
história dos jogos, a mídia internacional se derreteu ao evento
brasileiro dirigido pelo cineasta Fernando Meirelles.
O jornal inglês, “The Guardian” considerou a cerimônia, “simples e
elegante”, em especial Paulinho da Viola que, de modo emocionante,
entoou o hino do Brasil, sendo ovacionado pelo público que também cantou
os versos.
Já o jornal dos hermanos argentinos, “Clarín”, resumiu o que todos
pensaram sobre o evento. “Uma festa de música, cores e esporte no Rio de
Janeiro, à altura da cidade maravilhosa, com ritmo e beleza”.
Outro veículo de comunicação do país vizinho, o “Olé” colocou que a
delegação de seu país foi “uma das mais ovacionadas”, assim como ocorreu
com a Alemanha.
A energia do povo brasileiro que compareceu ao estádio do Maracanã foi
exaltado pelo jornal norte-americano “The New York Times” que ficou
encantado com o público cantando à capela junto de Jorge Ben Jor, “País
Tropical”. “Você vê que as fantasias e o cenário não são tão luxuosos
como os de outras cerimônias, mas isto realmente não importa quando você
tem uma energia como esta”, disse. Read more at: https://tr.im/21
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